A Equoterapia é um método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar, nas áreas de saúde, educação e equitação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiência e/ou com necessidades especiais. Ela emprega o cavalo como agente promotor de ganhos físicos, psicológicos e educacionais. Esta atividade exige a participação do corpo inteiro, contribuindo, assim, para o desenvolvimento da força, tônus muscular, flexibilidade, relaxamento, conscientização do próprio corpo e aperfeiçoamento da coordenação motora e do equilíbrio.
A interação com o cavalo, incluindo os primeiros contatos, o ato de montar e o manuseio final, desenvolve novas formas de socialização, autoconfiança e autoestima. Mudando assim a relação “Figura-Fundo”, tirando o problema do foco e colocando a capacidade de desenvolvimento e de superação como foco.
Na Equoterapia com o olhar da Gestalt é possível levar as pessoas a restaurar o contato consigo, com os outros e com o mundo. Levando a pessoa a se auto-realizar e de desenvolver seu potencial.
Postado por: Jefferson, Monique, Rhana, Juliana e Elizângela
Na Gestalt terapia é mais importante descrever do que explicar: o "como" precede o "porque". O essencial é o processo que está se desenvolvendo aqui e agora.
"O presente é ao mesmo tempo o passado, presente e futuro. Neste momento estão minhas experiências, meu self, meus projetos. O passado está em mim, na minha fala, na minha respiração, nos meus movimentos e na minha expressão. O passado é reestruturado em cada momento existencial." (site Gestalt- Centro)
Frederick Perls trabalhou em teatro, teve aulas de pintura, e muitas vezes utilizava recursos de expressão artística em seus trabalhos, sendo assim, desde o início existe uma relação da Gestalt terapia com as artes.
Segundo Jung "a arte requer o homem inteiro". No momento que o sujeito começa a pintar, o pensar, o sentir e o agir focalizam numa única direção, fazendo com que ele aprofunde-se nas sensações do agora, como um meio de expressar seu mundo interior.
O GRITO
O Grito (no original Skrik) é uma pintura do norueguês Edvard Munch, datada de 1893. A obra representa uma figura andrógena num momento de profunda angústia e desespero existencial. O pano de fundo é a doca de Oslofjord (em Oslo) ao pôr-do-sol.
A fonte de inspiração d'O Grito pode ser encontrada na vida pessoal do próprio Munch, um homem educado por um pai controlador, que assistiu em criança á morte da mãe e de uma irmã. Decidido a lutar pelo sonho de se dedicar á pintura, Munch cortou relações com o pai e integrou a cena artística de Oslo. A escolha não lhe trouxe a paz desejada, bem pelo contrário. Munch acabou por se envolver com uma mulher casada que só lhe trouxe mágoa e desespero e no início da década de 1890, Laura a sua irmã favorita, foi diagnosticada com doença bipolar e internada num asilo psiquiátrico. O seu estado de espírito está bem patente nas linhas que escreveu no seu diário:
"Passeava com dois amigos ao pôr-do-sol - o céu ficou de súbito vermelho-sangue - eu parei, exausto, e inclinei-me sobre a mureta - havia sangue e línguas de fogo sobre o azul escuro do fjord e sobre a cidade - os meus amigos continuaram, mas eu fiquei ali a tremer de ansiedade - e senti o grito infinito da Natureza." (Percebe-se aqui uma dificuldade do pintor em perceber o fundo, pois está centrado nas partes de seu sofrimento).
A fonte de inspiração para esta figura humana estilizada terá sido uma múmia peruana que Munch viu na exposição universal de Paris em 1887. Vemos ao fundo um céu de (cores quentes), que sobe acima do horizonte, característica do expressionismo (onde o que interessa para o artista é a expressão de suas ideias e não um retrato da realidade). Vemos que a figura humana também está em cores frias, azul, como a cor da angústia e da dor, sem cabelo para demonstrar um estado de saúde precário. Os elementos descritos estão tortos, como se reproduzindo o grito dado pela figura, como se entortando com o berro, algo que reproduzia as ondas sonoras. Quase tudo está torto, menos a ponte e as duas figuras que estão no canto esquerdo. Tudo que se abalou com o grito e com a cena presenciada está torto, quem não se abalou supostamente seus amigos e a ponte (isso demonstra o possivel fechamento da Gestalt ao perceber que nem tudo está ruim, e que seu sofrimento é parte de uma das figuras de sua vida).
O produto artístico pode ser um símbolo carregado de emoção, pode ser a concretização de pensamentos e imagens internas. Diversos recursos artísticos são aproveitados para entrar em contato com conteúdos inconscientes, que podem ser trabalhados pelo sujeito como se sua Gestalt se fechasse no término de sua criação.
A Gestalt terapia não é uma terapia de ajustamento, mas de auto-realização. Crescer nesse sentido é buscar desenvolver seus próprios recursos, dons e talentos especiais. Desta forma, o conceito de psicoterapia pode ser entendido e substituído pelo de crescimento. Ampliar a consciência é assumir e aceitar a responsabilidade por suas próprias escolhas; acreditando em nós mesmos podemos acreditar no outro e no mundo.
A experiência religiosa é vista nos arraiais acadêmicos como uma atitude marcadamente obsoleta, moralista e alienante. Mas, partindo-se do pressuposto de que todo conhecimento produz uma cosmovisão, um paradigma, e que todo paradigma se apresenta como uma verdade acerca do mundo, um padrão por onde valores e conceitos são medidos, conclui-se que qualquer tipo de conhecimento tem alto potencial alienante, ou, conforme conceito hegeliano, a forma de se conhecer é o possível produtor da alienação (Silveira, 2011). Ampliando o conceito de paradigma, (Kivitz, 2004, pg.12) afirma: [...] paradigmas são “verdades” que se fixam na mente e que indicam um jeito de ser, viver ou fazer as coisas. Vislumbrando na experiência religiosa uma possibilidade de solução criativa é que serão analisadas, ainda que superficialmente, as proposições da Gestalt-Terapia em suas possíveis relações com a fé.
2: Desenvolvimento
2.1: Experiência religiosa: Alienação e solução criativa
Se a experiência religiosa é alienante e obsoleta, logo, conforme pressupostos da Gestalt, não serve de resposta para os dilemas da existência. Entretanto, a História tem exemplificado o contrário. Não se pode negar a importância histórica, filosófica e cultural de homens como o Apóstolo Paulo (Bíblia Sagrada, 1997), Santo Agostinho e Martinho Lutero (Cairns, 1995), que por causa de suas experiências de fé, revolucionaram mentes e sociedades e deixaram indeléveis marcas na história da humanidade, além de fechar gestalts abertas em suas próprias vidas. Uma característica comum entre eles foi a novidade de suas respostas frente seus dilemas, pois somente pela habilidade de abandonar respostas obsoletas e ineficazes é que se pode desfrutar de uma existência guiada pela sabedoria.
Pode-se questionar a validade criativa do quadro “A Ultima Ceia” de Leonardo da Vince, da estátua “Davi” de Michelangelo, dos sons inspiradores do canto gregoriano? Podem-se levantar suspeitas sobre a influência histórica do sermão: “Eu tenho um sonho” do pastor Martin Luther King Jr. pregado em 1968, condenando o racismo americano? O que falar de: “A Divina Comédia”, o “Novo Testamento”, jóias preciosas da literatura mundial? Diante dessas preciosidades artísticas e literárias, é possível condenar totalmente como estéreo de criatividade a experiência religiosa, dado que todos os exemplos acima abordam a temática da fé?
As perguntas retóricas[1] acima revelam uma patente relação entre a criatividade (personificadas nas manifestações artísticas) e a religiosidade e, que as mesmas podem andar juntas e se apresentarem, na experiência humana, como válidos caminhos para o fechamento de velhas e abertura de novas gestaltens. Além disso, o pensamento criativo pode ser visto também como inspiração divina, conforme afirma (Kneller, 1978), o que estabelece mais um vínculo entre a fé e a arte.
É bem verdade, porém, que a experiência religiosa pode tornar o sujeito um ser alienado, quando a mesma não produz um efeito criativo, tendendo-se ao dogmatismo, ao tradicionalismo e à radicalidade irreflexiva. No entanto, outros tipos de conhecimento também podem produzir semelhantes efeitos, por exemplo, o nazismo em sua proposição de superioridade ariana. A alienação proveniente da experiência religiosa é bem destacada por (Bonfatti, 2000, p.) nas seguintes palavras: “Consoante a isso, não se pode deixar de perceber e concordar também quando a Psicologia aponta que existem elementos alienantes e infantilizantes na experiência religiosa”.
Estes aspectos alienantes presentes na religiosidade se colocam como bloqueadores ou limitadores da visão do todo, influindo na fronteira de contato, produzindo respostas unilaterais a uma gestalt aberta ou impedindo o surgimento de outras gestaltens, que são elementos fundamentais para o crescimento pessoal.Portanto, como agente alienante, a experiência religiosa atua sobre o pensamento criativo, impedindo o processo de problematização e solução de questões, próprias da teoria gestáltica (Kneller, 1978).
2.2: Exemplos históricos da fé como solução criativa
Como já foi dito, a História aponta personagens, que por sua fé produziram benesses à sua sociedade e solucionaram questões existenciais importantes. É possível destacar na crise existencial do Apóstolo Paulo, um fechamento de gestalt. Paulo, perseguidor dos cristãos, convicto de que estava realizando um “chamado divino”, se depara numa teofania[2]que mudou sua trajetória, seus valores e seu jeito de agir e reagir diante das muitas gestaltens que, posteriormente, se apresentaram em sua vida. É a partir de sua experiência religiosa que o Ap. Paulo se notifica como uns dos principais propagadores da fé cristã e como ícone do cristianismo.
Vale ressaltar alguns elementos importantes na experiência de Paulo. Em primeiro lugar, o seu pensamento obstinado e, portanto, sua inabilidade no contato e nas variabilidades das respostas. Ocorre, conforme o texto bíblico de Atos 9: 1-8 (Bíblia Shedd, 1997), um insight por ocasião de sua experiência com uma voz e uma luz celestiais. O contato, ou seja, o “toque divino” por meio de estímulos sonoros e visuais possibilitou no apóstolo um fechamento de gestalt no que tange sua vivência religiosa. Este contato com a divindade estabeleceu a harmonia existencial do apóstolo e se estabeleceu como base para a solução de questões posteriores, sempre sobre a lupa da releitura e revivência no aqui-agora na vida de Paulo, como relata posteriormente os textos de Atos 22: 4-11 e 26: 8-18 (Bíblia Shedd, 1997), distando entre os eventos cerca de 20 anos (Barker e Burnick, 2003). A releitura de sua experiência, ainda que fosse um evento ocorrido no passado, encontra na teoria gestáltica e no seu conceito do aqui-agora o respaldo terapêutico, onde a dimensão pretérita de sua fé estabeleceu os limites psicológicos para a experiência (Polster, 2001) do seu presente.
Outro personagem histórico importante tanto para a cristandade como para o desenvolvimento filosófico do ocidente foi o Santo Agostinho. Dono de uma grande capacidade de reflexão teológica e filosófica, Agostinho, chamado pai da igreja, lançou importantes alicerces dogmáticos que, até hoje se configuram como bases doutrinárias da fé cristã (Bettenson, 2001). Aquém de tudo isso, Santo Agostinho teve, em sua história de vida, momentos de profundos questionamentos existenciais, onde sua busca por resposta desembocou numa libertadora experiência de fé (Cairns, 1995).
Ao descrever sua vida em sua autobiografia, o livro “Confissões”, Santo Agostinho, detalha sua insana busca por um sentido, uma resposta às suas muitas questões e por quês existenciais. A frase: “Meu coração clamava violentamente contra todos os meus fantasmas” (Csernik, 2011) resume muito bem o estado de espírito do célebre autor. Sua conversão, ou seja, sua experiência religiosa se dá no ano 386 dC, quando ao refletir sobre sua vida, ouve uma voz que o instrui na leitura do texto bíblico de Romanos 13: 13-14 (Cairns, 1995), estabelecendo na fronteira de contato consigo mesmo, a possibilidade da fé cristã como resposta à sua gestalt aberta.
Caminhando um pouco mais na História, encontramos outro personagem fundamental para a formação do pensamento ocidental, tanto na religiosidade quanto na literatura e desenvolvimento social. Trata-se de Martinho Lutero. O monge agostiniano que “reformou a igreja”, passou por um período de dilemas e frustrações, inclusive com a fé que até então confessava. Agudo em suas pregações contra as indulgências[3] e dono de uma eloqüência no ensino teológico, Lutero proporcionou uma reforma além da religiosa, pois passou a traduzir os textos bíblicos para o alemão, escrever livros que foram promotores de sua nova fé e canções como “Castelo Forte” (Cantor Cristão, 1996) que ressoaram como hinos à sua liberdade existencial e, por conseguinte, o próprio povo germânico. Além disso, proporcionou o paradigma religioso necessário para os rompimentos políticos da Alemanha com o Santo Império Romano (Rochemont, 1953) e (Cairns, 1995).
A crise de fé de Lutero se dá por ocasião de sua viagem a Roma e a constatação da corrupção clerical na capital da fé cristã. Mas, somente ao se deparar como versículo 17 do capítulo primeiro de Romanos é que sua vida começa a ganhar os contornos pelos quais foi conhecido. Neste momento de sua história, Lutero realiza umaawarennes, onde sua fé é totalmente questionada, não tendo outra opção a não ser a mudança. A justificação pela fé, sua principal proposição teológica (Cairns, 1995) deu a ele a coragem de se rebelar contra a estrutura eclesiástica católica de sua época. Ele em vão tentou dissuadir os clérigos de alta posição da Igreja, tendo que realizar uma fuga para manter a integridade de sua consciência. Sua famosa frase: “[...] ir contra a consciência não é certo e nem seguro [...]” (Rochemont, 1953) estabeleceu um verdadeiro rompimento com a fé católica e inaugurou a fé reformada na Alemanha e depois outros países da Europa. No uso de sua liberdade existencial, Martinho Lutero escolheu seu próprio destino, indo além das contingências religiosas e políticas de sua época. Devido às pressões sua fuga foi o mais indicado no momento, inclusive sua fuga literal, pois teve de se esconder para manter-se vivo. O valor dessa fuga realizada por Lutero pode ser visto nas palavras de (Ciornai, 1995):
[...] Às vezes as pressões e cargas negativas do meio são tão fortes que a pessoa desenvolve defesas que terminam por limitá-la em sua existência. Estas defesas, no entanto devem ser vistas como a melhor resposta que a pessoa pôde criar no momento e situação específica em que se encontrava. [...].
3: Conclusão
Dentro de um mundo fenomênico, ou seja, um meio comportamental a tendência ao equilíbrio se assimila à busca pela estética perfeita ou a lei da boa forma (Figueiredo, 1991), que no momento especifico, se configurou para Paulo, Agostinho e Lutero o seu contato com a transcendência da fé, fechando suas gestaltens. Outro aspecto importante a ser ressaltado é que o contato com o divino se propõe como uma lente que possibilita enxergar o interior daquele que experimenta o toque de Deus, pois conforme (Polster, 2001) “o contato é vitalizador” e que a “experiência é o mais importante”. Diante dessas testemunhas da história e como suas vidas foram mudadas pela experiência religiosa, vale pelo menos uma reflexão sobre o valor da fé na produção de saúde psíquica.
CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia – Vol 6. São Paulo: Hagnos, 2006;
FIGUEIREDO, Luiz Cláudio M. Matrizes do pensamento psicológico. Petrópoles/RJ: Vozes, 1991;
KNELLER, George Frederick. Arte e ciência da criatividade. São Paulo: IBRASA, 1978;
KIVITZ, Ed René. Quebrando paradigmas. São Paulo: Abba Press, 2004;
POLSTER, Erving. Gestalt-Terapia Intergrada. São Paulo: Summus, 2001;
ROCHEMONT, Louis de. Martinho Lutero. São Paulo: Comec, 1953. 01 DVD (105min.);
SILVEIRA, Ronnie. A filosofia de Hegel. Disponível em:ghiraldelli.files.wordpress.com/2008/07/silveira_hegel.pdf. Acessado em 29 de Junho de 2011.
Ricardo Machado Brandão; Maria Fátima Souza; Vany Cabral; Wagner Ferraz dos Santos
[1]- [...] é aquela que não exige resposta; seu objetivo é forçar o leitor a respondê-la mentalmente e avaliar suas implicações [...]. Alves, 2011;
[2] - [...] qualquer aparição ou manifestação de Deus [...]. Champlin, 2006.
[3] - Relativo ao sacramento católico da confissão. Era usado, no tempo da Reforma, como meio de arrecadar fundos para a igreja pela venda do perdão de Deus mediante algum tipo de pagamento, peregrinação ou ato meritório. Cairns, 1995.
Literatura, do latim letras, se refere à arte ou ofício de escrever de forma artística. A Literatura Infantil surgiu em meados do século XVII, época em que as mudanças da sociedade afetaram também o âmbito artístico. A Literatura Infantil veio da ascensão da família burguesa, da nova posição da infância na sociedade e da reorganização das escolas. A partir do século XVIII a criança passou a ser considerada diferente do adulto, e por isso suas características e necessidades também se diferenciavam deste. Logo, precisava de uma educação especial de modo que estivessem preparadas para a vida adulta. A literatura infantil como meio de produção da saúde na criança se mostra na possibilidade da construção de novos caminhos ou na aceitação de novas "saídas" que não as previstas. As histórias infantis podem produzir no indivíduo a capacidade de enchergar o fundo, e não somente as partes, e de alterar a percepção da relação figura/fundo. Como no conto de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll, onde a menina Alice se vê abarcada de criaturas conhecidas apenas em sua imaginação, e nessa medida possibilita a saída de formas obsoletas de encarar a vivência. Em Rapunzel, a bela princesa não ficou presa à figura de sua masmorra, o que possibilitou pensar em um jeito de o príncipe subisse por suas tranças até o alto da torre para vê-la.Em A Bela Adormecida, a ideia do príncipe de beijar a moça possibilitou que a princesa despertasse novamente... Em Os Três Porquinhos, o modo de vida acomodado levou os dois primeiros porquinhos a terem sua casa derrubada pelo lobo mau. Ao contrário, a criatividade do último porquinho permitu que construísse uma casa resistente ao lobo. Em João e Maria, a criatividade dos dois irmãos ao pegar um osso para representar seu dedo, levou-os a escaparem de ir para o caldeirão da bruxa. Ao enchergar o todo (a prisão, a possibilidade de ir para o fogo e também a possibilidade de escapar juntos em um só fenômeno) e não somente as partes separadas, permitiu imaginar que havia uma solução para o problema. O contrário aconteceu com a mãe do menino do conto João e o Pé de feijão, que considerou apenas os pequenos grãos de feijão que o filho tinha trocado, e não todo o contexto em que se dava a troca. Ao agir desse modo, quase perde a fortuna que os grãos de feijão proporcionariam mais tarde à família.Assim, através da inserção ao mundo simbólico com a consequente possibilidade de representação, as histórias infantis possibilitam a construção de sujeitos livres de modos obsoletos de vida, com capacidade de analisar uma questão não por seus elementos separados, e sim perceber novas "saídas" através de uma análise completa do fenômeno, sem ficar preso a um ponto único, ou a experiências passadas. Um ambiente propício para produção de saúde.
Postado por Leonora Dias Müller e Ana Cláudia Bolzani.
A dança possibilita a expressão daquilo que não é facilmente compreendido pelo uso de palavras. Por ser uma forma de expressão corporal, e de interação com o meio externo, permite que na fronteira de contato haja a produção de um evento a ser conduzido e objetivado.
Pode-se produzir saúde, a partir da inserção do sujeito numa forma criativa de fechamento de gestalt na própria dança, que permite extrapolar os limites pré-estabelecidos dando margem a criatividade como forma de identificar e peculiarizar cada experiência, sem que seja necessário desvincular a dança de suas regras. Em outras palavras, é tornar possível uma experiência única mesmo obedecendo os critérios da modalidade, e fazer um exercício criativo expandindo os limites da dança.
Dentro do contexto do contato, a dança promove a interação do sujeito ao mundo externo, aumentando a probabilidade e a necessidade de toque, nas diversas modalidades de danças, contato, pela realidade de expressão a outros, bem como a parceria com outros na produção desta arte e dinamizar, ou seja, o dar-se conta de outras possibilidades no sentido de aperfeiçoar o exercício.
Se o sujeito aprender uma modalidade, este vai tentar fechar esta gestalt, e a criatividade é a ferramenta que permitirá que ele possa configurar novas formas de lidar com esta situação e por fim realizar o exercício, ou mudar as formas de tentar realizá-los.
Não obstante, esta forma criativa de vivenciar uma realidade permite que o mover-se seja algo muito mais promissor, no sentido que o individuo, começa a descobrir seu próprio potencial, ao prazer do movimento, alem de expandir seus movimentos ultrapassando seus limites anteriores, aumentando a autonomia dos sujeitos, e favorecendo que o crescimento através da inserção de uma nova perspectiva. Ao perceber que é possível promover seu potencial, uma vez que há o autoconhecimento, o sujeito fica mais seguro em aventurar uma nova situação, pois se sente mais forte para lidar com novas experiências, ou seja, abrir novas Gestalts, quais agora se sente capaz de fechar.
Descobrir a liberdade de poder olhar em outra direção e se dar conta (awareness) que há outras possíveis figuras presentes no fundo, bem como a inversão da figura atual em fundo através desta percepção.
Contudo, dançar não pode ser analisada como uma única alternativa de encontrar-se no ambiente para produzi-lo, mas uma entre tantas outras formas de produção de autonomia. Portanto é preciso que outras experiências também possam compor o processo de crescimento, como por exemplo associar a dança e esportes e vice-versa, danças de finalidade fisioterapeutica.
A produção de saúde consiste na contribuição da dança ao processo de crescimento, proporcionando fechamento de gestalt, e legitimando a autonomia a fim de permitir ao sujeito abrir e fechar novas gestalts.
Referência:
POLSTER, Erving; Miriam. Gestalt Terapia Integrada - Tradução de Sonia Augusto -São Paulo: Summus, 2001
A Gestalt terapia relacionada com a arte existe desde o início com Frederick Perls que trabalhou em teatro e teve aula de pintura, utilizando muitas das vezes expressões artísticas em seu trabalho. O indivíduo passa a ser visto como um ser em processo de devir, em constante troca criativa com o meio.
A relação desta linha de estudo com a criatividade se inicia em sua concepção de ser humano na qual o ser é visto sempre como um possível estado de refazer-se, de poder escolher e organizar a sua existência de criatividade. A capacidade do indivíduo de escolher seu próprio destino de ultrapassar os limites está ligada a visão existencial.
Nem sempre os processos de ajustamento criativo são processos de crescimento saudáveis. Muitas vezes as cargas de pressões negativas do meio passam a ter um peso em que a pessoa desenvolve meios de defesas que limitam sua existência. As defesas são vistas como a melhor resposta que uma pessoa pode criar no momento da situação em que se encontra.
Para que o fluxo de energia e awareness se expandam, é necessário liberar energia em determinadas situações antigas e inacabadas trazendo para o aqui-e-agora. Desta forma, é necessário uma terapia para que facilite a elaboração daquilo que antes não era bem elaborado e transformando os padrões de relacionamento do indivíduo consigo próprio, com os outros e com o mundo. Assim com a escultura/modelagem, como uma forma terapêutica, o sujeito tem a possibilidade de resignificar-se por meio da arte.
A Gestalt terapia tem como característica permitir ao terapeuta inventar ou utilizar-se com liberdade e criatividade de técnicas e experimentos provindos de diversas origens, desde que não se perca de vista os princípios epistêmicos fenomenológicos que caracterizam a abordagem gestáltica.
Em um processo terapêutico deve-se reconstruir e transformar aquilo que no momento está em aberto, neste caso a gestalt em si permanece aberta e esta proporcionando um adoecimento. Para a solução desse problema, terapeutas gestaltistas utilizam terapias criativas para através desse processo, o sujeito resignificar os modos de estabelecer o seu contato, na qual está rígido, sem a fluidez necessária, ou seja, está centrada apenas no contato ou no afastamento.
Um desses processos terapêuticos que vem sendo utilizado é a escultura/modelagem como uma forma terapêutica, relacionada com a possibilidade de retirar excessos e camadas externas chegando à forma mais genuína, ou seja, a própria essência. A retirada de excessos ou a adição faz com que se tenha um alívio de angústias, além de ser um processo catártico.
Na escultura/modelagem, terapeuticamente, trabalha com a possibilidade da saída do que não tem mais valia, deixando aparecer o que é real, verdadeiro e essencial, perdendo os excessos. Neste processo não se deixa de trabalhar com os arquétipos da sombra, personalidade e self.
A terapia e um ótimo recurso para pessoas introvertidas com dificuldade de interação com o meio externo, também para pessoas que se escondem por trás de máscaras e papéis sociais, que vivem se preocupando com o externo e as aparências.
De acordo com Moreira, algumas pessoas referem-se à escultura como modelagem e vice-versa, porém existem diferenças entre essas duas linguagens artísticas. Do ponto de vista terapêutico a mesma considera que, enquanto na escultura se retira, na modelagem, ao contrário, se adiciona.
Neste caso, como forma terapêutica, dá-se sugestão de utilizar a escultura/modelagem como processo terapêutico e criativo que por meio dessa arte, o sujeito resignificará seu modo de estabelecer um contato. Segue abaixo um vídeo que exemplifica esta proposta:
O vídeo acima retrata um trabalho com arte terapia na Gestalt, frisando a escultura/modelagem como processo terapêutico. A figura é uma representação de uma imagem trabalhada em sessão terapêutica, que retrata uma mulher com conflitos em sua vida. Ela se imagina coberta de margaridas como uma capa protetora contra as possíveis agressões que pode receber.
Perls citado por Polster e Polster em sua introdução a Gestalt terapia afirma: “O processo de crescimento é um processo demorado. Não podemos apenas estalar os dedos e dizer: ‘Venha, vamos ser felizes! ’. A gestalt terapia não é nenhum atalho mágico. Você não precisa se deitar num divã ou ficar em um templo de meditação zen durante vinte ou trinta anos, mas tem de se empenhar na terapia, e crescer leva tempo.”
Joyce Cary citado por Polster e Polster afirma que toda a arte é a combinação de um fato com o sentimento a respeito dele. O terapeuta como também o artista, age a partir de seus próprios sentimentos. No caso do artista, ele usa seu estado psicológico como um instrumento de terapia. Do mesmo modo que o artista que pinta uma árvore tem que estar afetado pela árvore específica, o psicoterapeuta precisa também estar ligado à pessoa específica com quem ele está em contato.