quarta-feira, 29 de junho de 2011

O Jogo Quarto e a Gestalt Terapia

A utilização de jogos que propiciem situações-problemas configura-se como uma ferramenta importante para o trabalho de questões que têm espaço na Gestalt- terapia e que por meio dos jogos podem vir à tona. O quarto é um jogo de tabuleiro que oferece uma dessas possibilidades. É um jogo francês, criado em 1985, e que recebeu algumas premiações no ano de sua invenção, o que constata a sua qualidade no que tange diversos aspectos. É formado por um tabuleiro quadrado, com 16 peças diferentes entre si, tendo cada uma 4 atributos: clara, escura, redonda ou quadrada, alta ou baixo, furada ou sem furo. Participam 2 jogadores, e o objetivo do jogo é formar um alinhamento, em qualquer direção, de 4 peças que tenham pelo menos um atributo em comum.

Faz-se importante a apresentação das regras que compõem o jogo para que assim algumas situações possam ser exploradas. O primeiro jogador escolhe entre as 16 peças, mas não a coloca no tabuleiro: deve entregá-la ao adversário para que esse a coloque em alguma casa, o segundo jogador escolhe outra peça entre as restantes e também não a coloca no tabuleiro, mas a entrega ao primeiro, que escolherá o lugar mais adequado para colocá-la. O jogo prossegue dessa forma até que alguém consiga construir um alinhamento de 4 peças com pelo menos um atributo em comum e diga “quarto”. Se um jogador faz um alinhamento e não percebe e dá uma peça ao adversário, perde a chance de fazer aquele “quarto”, se o adversário perceber naquele momento poderá dizer “quarto” e será o vencedor. Caso contrário à partida prossegue até que um novo alinhamento seja construído ou quando todas as peças forem colocadas sem que haja um vencedor. A partida termina quando alguém constrói e indica um “quarto” e será o vencedor. Caso contrário à partida prossegue até que um novo alinhamento seja construído.

Este jogo pode ser utilizado tanto com adultos quanto com crianças. Por meio dele é possível perceber algumas ações que se refletir em sua atuação em outros contextos, por exemplo, pode se descobrir de que modo se organiza o espaço ou no tempo, como estabelece relações entre partes e todo, se consegue coordenar simultaneamente diferentes aspectos de uma situação analisando todas as possibilidades. Estes pontos podem ser analisados de acordo com a Gestalt terapia e podem propiciar momentos terapêuticos, observa-se no jogo que o individuo necessita de uma visão holística que o possibilita compreender e analisar diversas possibilidades a serem exploradas para formar o quarto um dos fundamentos preconizados pela Gestalt são de que o cliente deve aprender a pensar em função de todos, de inteiros, sem se prender em detalhes, nesta busca holística erros são sempre possíveis quando se procura soluções reais, este deve aprender a descobrir o maior numero possível de soluções, sempre, no entanto, dentro do principio de que a situação deve ser sempre vista como um todo, isto tanto pelo cliente quanto pelo psicoterapeuta (Ribeiro, 1985).

É importante destacar a relação de figura e fundo que, se observa no desenrolar das partidas de quartos, muitas vezes os jogadores tendem a focar a sua atenção e todos os investimentos da partida em um só ponto, um exemplo disso é o fato de muitas vezes o jogador em vantagem deixar passar jogadas que já se configurariam como quarto, tornando-o vencedor. Percebe-se que toda a energia do jogador neste momento voltou-se para um ponto especifico, há então uma fixação, o self infla. Na Gestalt o self é visto como a consciência de si, “o artista da vida”, é integrador, é o que percebe foca e sente, mas no caso do jogador que tem o self inflado para apenas uma possibilidade, o crescimento pode não acontecer, pois é preciso que ele diminua para que o sujeito possa ter outras percepções, mudando o foco. Ao falarmos de figura e fundo estamos falando de formas ou formação de realidades e no jogo isto e observado através das possibilidades que estão diante do individuo, mas que ele próprio poderá organiza-las e torna-las como prioritárias.

No jogo também é possível trabalhar o aqui e agora, pois cada tentativa de resolução de problema será feita mediante a situação presente, “... se eu tenho o presente, eu tenho tudo que necessito para compreender a realidade como um todo”(Ribeiro, 1985, p.79).

Outro aspecto a ser pontuado no jogo é necessidade do jogador de criatividade para a solução dos problemas do jogo, para que assim possa ocorrer então um abrir e fechar de Gestalt. A criatividade é importante, pois é o principal artificio do self para fechar as Gestalt abertas e com menor gasto energético. Sendo assim o jogo configura-se como uma importante ferramenta terapêutica tanto na promoção de saúde, quanto na possibilidade que é oferecida ao individuo de vivenciar situações problemas e estas se refletirem para outras áreas de sua vida.

COMO JOGAR QUARTO:




Referências Bibliográficas:

MACEDO, lino de; Aprender com Jogos e Situações-Problema - Lino de Macedo, Ana Lúcia Sicoli Petty e Norimar Christe Passos.-Porto Alegre:Arte Médicas Sul, 2000.


POLSTER, Erving; Miriam. Gestalt Terapia Integrada - Tradução de Sonia Augusto -São Paulo: Summus, 2001.

RIBEIRO, Jorge Ponciano. Gestalt Terapia: Refazendo um Caminho - São Paulo- Summus, 6º edição, 1985.Summus, 2000.

Escrito por:

Ana Paula Lorenzo, Ana Paula Sossai , Claudinéia Campos, Geiciara Soares, Larissa Durão e Thayla Bonfante.



6 comentários:

  1. O jogo quarto pode realmente proporcionar momentos terapêuticos, assim o sujeito aprende a analisar o todo, não somente se prendendo a detalhes, e gerando uma inflação do self. Portanto, como foi descrito acima, é possível também na prática do jogo, trabalhar o aqui-e-agora, porque cada jogada é uma tentativa de solução de problemas do presente e necessita da utilização da criatividade para que possa ocorrer a abertura e o fechamento das gestalts. Desta forma, percebemos a importância desse jogo como ferramenta terapêutica para a saúde do sujeito.

    Michelle Alves, Paloma Borôto e Renata Gambarini.

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  2. O trabalho mostra a importância de observar figura e fundo, possibilitando a percepção de diversas formas de engajamento, ou seja, é preciso observar os fenômenos sem essência pré estabelecida o jogador não pode se direcionar em apenas um foco, pois há várias formas de se fechar uma gestalt e isso o jogo evidencia. O trabalho foi muito criativo e incentivador para conhecer um jogo tão interessante.

    Grupo: Alice, Débora, Laís e Rose.

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  3. Aplausos ao grupo que realizou com louvor uma aplicação cabalmente pertinente do referido jogo com os pressupostos gestálticos. A contextualização passo a passo do foco na relação de figura e fundo, os processos de criatividade, fixação, energização e elementos do self foram muito bem expostos nas diversas possibilidades de experiência a partir do jogo. Ótimo, excelente, maravilhoso. Por não se tratar de um artigo científico, não há acréscimos a sugerir. Satisfeitos!

    Ricardo, Wagner, Fátima e Wany

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  4. O trabalho ficou muito bom, citando todos os conceitos sobre gestalt terapia e relacionando o jogo Quarto! de modo terapeutico.



    Carla Oliveira Souza Cardoso, Josele Girondolli, Rafaela Gonçalo Brandy.

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  5. O Jogo do Quarto apresenta-se como uma boa oportunidade de intervenção terapêutica à medida em que leva o jogador a sair da fixação de um único ponto, já que exige flexilidade frente às situações. Isto pode ser levado para a vida cotidiana, tendo em vista que muitas das nossas situações nos são dadas, e cabe a nós dar-nos conta de nos adaptar a elas. Nesse jogo, cabe ao sujeito analisar todas as possibilidades, o que necessita de uma análise correta da relação figura/fundo. É preciso analisar todo o contexto do jogo, e não somente as peças e seus respectivos lugares, o que exemplifica que o todo é terminantemente diferente das partes. A criatividade neste jogo mostra-se necessária como meio de saída de situações que exigem raciocínio e novas técnicas a serem exploradas, de acordo com a Gestalt terapia, observa-se no jogo que o indivíduo necessita de uma visão holística que o possibilita compreender e analisar diversas possibilidades a serem exploradas para formar o jogo. Um dos fundamentos preconizados pela Gestalt é de que o cliente deve aprender a pensar em função de todos, de inteiros, sem se prender em detalhes, nesta busca holística erros são sempre possíveis quando se procura soluções reais; este deve aprender a descobrir o maior numero possível de soluções, sempre, no entanto, dentro do princípio de que a situação deve ser sempre vista como um todo, isto tanto pelo cliente quanto pelo psicoterapeuta. Leonora Müller/Ana Cláudia Bolzani

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  6. A maneira explicativa torna possível a fácil compreensão do link feito entre o jogo Quarto e os conceitos da Gestalt, pela forma de trabalhar o “aqui e agora” também com a mudança de percepção na relação “figura-fundo”, por ter sempre que trabalhar com a estratégia do outro no jogo e também usar apenas as peças disponíveis naquele momento.

    Jefferson, Elizangela, Rhana, Juliana e Monique

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