quarta-feira, 29 de junho de 2011

Gestalt: resignificando a vida com escultura/modelagem

A Gestalt terapia relacionada com a arte existe desde o início com Frederick Perls que trabalhou em teatro e teve aula de pintura, utilizando muitas das vezes expressões artísticas em seu trabalho. O indivíduo passa a ser visto como um ser em processo de devir, em constante troca criativa com o meio.

A relação desta linha de estudo com a criatividade se inicia em sua concepção de ser humano na qual o ser é visto sempre como um possível estado de refazer-se, de poder escolher e organizar a sua existência de criatividade. A capacidade do indivíduo de escolher seu próprio destino de ultrapassar os limites está ligada a visão existencial.

Nem sempre os processos de ajustamento criativo são processos de crescimento saudáveis. Muitas vezes as cargas de pressões negativas do meio passam a ter um peso em que a pessoa desenvolve meios de defesas que limitam sua existência. As defesas são vistas como a melhor resposta que uma pessoa pode criar no momento da situação em que se encontra.

Para que o fluxo de energia e awareness se expandam, é necessário liberar energia em determinadas situações antigas e inacabadas trazendo para o aqui-e-agora. Desta forma, é necessário uma terapia para que facilite a elaboração daquilo que antes não era bem elaborado e transformando os padrões de relacionamento do indivíduo consigo próprio, com os outros e com o mundo. Assim com a escultura/modelagem, como uma forma terapêutica, o sujeito tem a possibilidade de resignificar-se por meio da arte.

A Gestalt terapia tem como característica permitir ao terapeuta inventar ou utilizar-se com liberdade e criatividade de técnicas e experimentos provindos de diversas origens, desde que não se perca de vista os princípios epistêmicos fenomenológicos que caracterizam a abordagem gestáltica.

Em um processo terapêutico deve-se reconstruir e transformar aquilo que no momento está em aberto, neste caso a gestalt em si permanece aberta e esta proporcionando um adoecimento. Para a solução desse problema, terapeutas gestaltistas utilizam terapias criativas para através desse processo, o sujeito resignificar os modos de estabelecer o seu contato, na qual está rígido, sem a fluidez necessária, ou seja, está centrada apenas no contato ou no afastamento.

Um desses processos terapêuticos que vem sendo utilizado é a escultura/modelagem como uma forma terapêutica, relacionada com a possibilidade de retirar excessos e camadas externas chegando à forma mais genuína, ou seja, a própria essência. A retirada de excessos ou a adição faz com que se tenha um alívio de angústias, além de ser um processo catártico.

Na escultura/modelagem, terapeuticamente, trabalha com a possibilidade da saída do que não tem mais valia, deixando aparecer o que é real, verdadeiro e essencial, perdendo os excessos. Neste processo não se deixa de trabalhar com os arquétipos da sombra, personalidade e self.



A terapia e um ótimo recurso para pessoas introvertidas com dificuldade de interação com o meio externo, também para pessoas que se escondem por trás de máscaras e papéis sociais, que vivem se preocupando com o externo e as aparências.

De acordo com Moreira, algumas pessoas referem-se à escultura como modelagem e vice-versa, porém existem diferenças entre essas duas linguagens artísticas. Do ponto de vista terapêutico a mesma considera que, enquanto na escultura se retira, na modelagem, ao contrário, se adiciona.

Neste caso, como forma terapêutica, dá-se sugestão de utilizar a escultura/modelagem como processo terapêutico e criativo que por meio dessa arte, o sujeito resignificará seu modo de estabelecer um contato. Segue abaixo um vídeo que exemplifica esta proposta:




O vídeo acima retrata um trabalho com arte terapia na Gestalt, frisando a escultura/modelagem como processo terapêutico. A figura é uma representação de uma imagem trabalhada em sessão terapêutica, que retrata uma mulher com conflitos em sua vida. Ela se imagina coberta de margaridas como uma capa protetora contra as possíveis agressões que pode receber.

Perls citado por Polster e Polster em sua introdução a Gestalt terapia afirma: “O processo de crescimento é um processo demorado. Não podemos apenas estalar os dedos e dizer: ‘Venha, vamos ser felizes! ’. A gestalt terapia não é nenhum atalho mágico. Você não precisa se deitar num divã ou ficar em um templo de meditação zen durante vinte ou trinta anos, mas tem de se empenhar na terapia, e crescer leva tempo.”

Joyce Cary citado por Polster e Polster afirma que toda a arte é a combinação de um fato com o sentimento a respeito dele. O terapeuta como também o artista, age a partir de seus próprios sentimentos. No caso do artista, ele usa seu estado psicológico como um instrumento de terapia. Do mesmo modo que o artista que pinta uma árvore tem que estar afetado pela árvore específica, o psicoterapeuta precisa também estar ligado à pessoa específica com quem ele está em contato.

Escrito por:



Renata Gambarini, Paloma Borôto e Michelle Alves.


REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS:

POLSTER, Erving; POLSTER, Miriam. Gestalt-terapia integrada. São Paulo: Summus Editorial. 2001. 321p.

GOMES, Juliana. Arte e Gestalt Terapia. Disponível em: <http://www.fontedoser.com.br/terapeutas/juliana3.html>. Acessado em: 28 jun. 2011.

MOREIRA, Patrícia Rose Teixeira. Arte-terapia: comece onde você está construindo sua própria imagem. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/7192697/Arteterapia-Patricia-R-T-Monteiro>. Acessado em: 29 jun. 2011.

8 comentários:

  1. O assunto foi abordado de forma clara, simples e direta, utilizando conceitos da Gestalt.
    O exemplo que foi utilizado possibilitou a compreensão de como se aplica na prática terapeutica e de como o individuo conseguirá atravéz da escultura/modelagem perceber a sua gestalt em aberto encontrando mecanismos para fechá-la e desta forma possibilitando abrir novas gestalts.




    Carla Oliveira Souza Cardoso, Josele Girondolli, Rafaela Gonçalo Brandy.

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  2. O trabalho mostra a importância da arte na promoção de saúde e de forma clara expõe as alternativas diversas de lidar com eventos e expressar emoções e sensações através da modelagem que valoriza o tato e faz alusão a idéia de contorno (fechamento de gestalt), consequentemente abertura de novas gestalts, que criativamente serão fechadas.

    Grupo: Alice, Débora, Laís e Rose.

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  3. bem explorado o tema e bem explicado a temática. fica clara a atitude de criatividade na modelagem e na escultura, ou seja, os principios da gestalt estavam presentes no descorrer do texto de voces. quero ressaltar entretanto, que tem uma parte do texto que não é de voces e não tem a indicação do autor. trata-se do terceiro paragrafo. é preciso ter cuidado com estas citações, oK? voces apresentaram mais uma possibilidade terapeutica criativa e fizeram muito bem. parabéns!!!!

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  4. esquecemos de colocar o nome no comentario acima, por favor perdoa-nos. aqui-agora!!!

    Ricardo, Vany, Wagner e Fátima

    bom awarenness pra vc.

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  5. Segundo a Gestalt terapia, o sujeito é saudável a partir do momento em que consegue agir com criatividade frente às novas questões. Dessa forma, o indivíduo é capaz de se desprender de pensamentos obsoletos para proporcionar novos meios de resolução de problemas. Nos moldes de cada escultura há uma nova possibilidade de reestruturação e crescimento, por meio de criatividade novas relações são estabelecidas e acrescidas. Esse processo permite a não repetição e a não fixação, bem como a vivência do aqui-agora na criação de esculturas que podem remeter ao passado e ao futuro. Sabe-se que segundo a Gestalt, remeter ao passado ou ao futuro também trata-se do presente, já que é realizado no aqui-agora. Logo, é um meio de produção de saúde. Leonora Müller/Ana Cláudia Bolzani

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  6. A arte configura-se como uma importante ferramenta na promoção de saude, possibilitando ao sujeito expressar-se e através da mesma. Algumas questões do sujeito podem vir a tona, como por exemplo seus sentimentos como ele vivencia algumas situações em que é nescessário estabelecer relações de figura e fundo. O objeto artistico que por ele é construido possibilita a resignificação do seu presente, vivenciando o aqui e agora.


    Ana Paula Lorenzo, Ana Paula Sossai, Claudinéia Campos, Geiciara Soares, Larissa Durão e Tayla Bonfante.

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  7. Olá Ricardo, Wagner, Vany e Fátima. Nosso trabalho foi retirado das fontes bibliográficas citados ao final de nosso trabalho, assim foram lidos os textos e transcritos e depois analisados do nosso ponto de vista, ou seja, constam as nossas opiniões e palavras. Mas vamos deixar esses critérios que só dizem respeito ao nosso professor na hora da correção. Desde já agradecemos a preocupações de vocês conosco.

    Gratas,
    Michelle Alves, Paloma Borôto e Renata Gambarini.

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  8. O tema foi abordado de maneira bem instrutiva, deixando clara a relação existente entre a escultura/modelagem com o processo criativo da Gestalt-Terapia.
    É interessante notar também a ligação feita com a ação de reconstruir e transforma utilizada na escultura/modelagem com o processo terapêutico de si reconstruir e transformar, vinculando o criar arte com o fechamento de gestalts.

    Jefferson, Elizangela, Rhana, Juliana e Monique

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